03 anos de carreira
Publicado em 8/15/2025
Por acaso, me dei conta que estou completando três anos trabalhando com programação esta semana.
É uma carreira que está no início e que tenho trilhado até aqui com certa felicidade a cada novo passo. Em cada um destes anos, encarei diferentes projetos, desafios e situações que me colocaram a prova como pessoa e profissional. Em muitos, de certa forma, sinto que saí com lições valiosas para fortalecer ainda mais esta caminhada.
E esta postagem em parte é para celebrar este marco em minha carreira, em parte para compartilhar três ponderações que são um misto de lições, reflexões e ideias que tenho sobre o que já vi e ainda espero ver trabalhando com tecnologia.
Porque geralmente é esse tipo de coisa que fazemos em aniversários, certo? 🥳
Se colocar em desafios e contextos diferentes é o melhor caminho para seguir crescendo
Esses dias estava discutindo na mesa de bar com amigos como se forma um engenheiro de software talentoso. Minha resposta é esta.
Eu acredito que se colocar em desafios que ampliem sua zona de conhecimento, aumentando a diversidade de contextos em que você consegue contribuir para resolver problemas, é a melhor forma de crescer como programador.
É por isso, aliás, que mudei de emprego este ano. Sentia que era o movimento necessário para seguir crescendo, me desafiando.
Porque acredito que se colocar em ambientes que me tirem da minha zona de conforto do conhecimento, de pequenas em pequenas porções, é a melhor forma que posso para acelerar meu crescimento. Para desenvolver “talento”. Sem dar passos maiores que as pernas, mas também sem parar de andar.
Estar perto do usuário e criar soluções para seus problemas é o que me motiva
Outro motivo que me fez mudar de emprego foi reafirmar que criar produtos que ajudem de forma prática a vida das pessoas é o que mais me encanta trabalhando com tecnologia.
De preferência, quero estar perto do usuário final e ajudando a pensar em como entregar a melhor experiência para ele, fazendo da forma mais simples possível aquilo que ele espera da aplicação.
Porque assim o trabalho passa a ter muito mais sentido para mim. E ajudo a entregar o maior valor possível no que estou criando para essas pessoas.
Mas não me entenda errado, isso não significa que quero ou gosto apenas de trabalhar com front-end. Na verdade, significa que gosto de analisar o contexto e entender de que forma posso ampliar o impacto que tenho no produto e para seus usuários.
Em algumas aplicações que trabalhei, isso significava dedicar boa parte do trabalho em pensar como criar APIs mais eficientes e coesas. Porque essa era a interface e a forma que os usuários, que são outros programadores, interagem com o sistema.
Em tantos outros casos, tive que olhar e criar aplicações web e mobile.
Mas no final do dia o que conta para mim e que orienta como quero trabalhar segue sendo isso: quero estar perto das pessoas que usam o sistema e criar as melhores soluções para ajudá-las.
Não sei se o papel do programador vai acabar, mas ele vai seguir mudando profundamente
É impossível não estar em um espaço ou rede com outros desenvolvedores e não encontrar o mesmo tema surgindo, em um momento ou outro: com o advento das IAs, estamos vendo o fim da nossa profissão?
Honestamente, mais do que uma resposta concreta se o número de empregos vai reduzir ou não, o que vejo é um desenho mais claro do que será nosso papel no meio dessas mudanças: um perfil menos focado apenas na parte técnica do trabalho e mais versátil na capacidade de pensar em negócio, em nutrir um olhar de produto.
Quase todas as previsões que encontro, das mais otimistas às pessimistas, apontam para o uso de modelos de IA como responsáveis, em maior ou menor grau, por escrever códigos cada vez mais. E acredito que mesmo se programar — a base que dá nome a uma das formas de se referir a nossa profissão — acabar virando um commodity, algo totalmente criado por agentes capazes de criarem e corrigirem de maneira autônoma dezenas de milhares de linhas de código, nosso papel em uma empresa vai seguir sendo valioso.
Porque, em última instância, nosso trabalho sempre foi o de ser a ponta capaz de conversar com os computadores de maneira mais profunda. Ao longo das décadas a forma e o nível de abstração para realizar isso mudaram, mas nosso papel segue sendo importante para mensurar e enxergar de maneira mais eficaz como tirar uma ideia do papel e transforma-lá em um sistema vivo, que está de pé, sendo usado por pessoas e gerando valor e receita.
Talvez essa interação com as IAs, que ninguém tem a certeza de como vai seguir se desenhando e o quanto vai mudar nos próximos tempos, seja só mais uma camada de abstração em nossos trabalho. O primordial, ser capaz de transformar ideias em aplicações, segue sendo o principal.
Se esconder no perfil técnico, de alguém que quer apenas escrever linhas de código e não quer se envolver em outras tarefas, pode ser algo que de fato se torne mais e mais difícil nesse novo cenário. Mas isso nunca foi e nunca será todo nosso trabalho.
Seguir aprendendo sobre os fundamentos da engenharia de software, afiando o entendimento sobre como criar e gerir produtos, além de entender da infraestrutura das plataformas que servem de base para todos os nossos sistemas se torna ainda mais importante para esse novo mundo que surge.
E justamente por ter este conhecimento, acredito que o programador ainda vai seguir sendo a figura principal para conseguir transformar as ideias em requisitos e sistemas. Ainda que possa não ser ele a escrever todas as linhas destes sistemas.
Escrevi estas ideias de forma rápida, enquanto celebrava a data tomando uma cerveja na frente do computador. Nenhuma destas linhas estão escritas em pedra, mas são pensamentos sobre a área e minha trajetória que tenho refletido ultimamente e gostaria de compartilhar, mesmo que eles mudem ao longo do tempo.
Se você chegou até aqui e quer me contar o que achou de qualquer um destes pontos, me mande uma mensagem, vou adorar conversar! :)
E para o meu eu do futuro: boa sorte e nos vemos no ano quatro, cinco e em todos os demais que teremos pela frente. Afinal, isso é um jogo infinito e o importante é aproveitarmos a jornada.